Hoje, na página do filme O Renascimento do Parto
no Facebook, foi publicado um excelente texto sobre os riscos da cesariana
em relação ao parto normal. Ele foi escrito pela Enfermeira Obstetra, Parteira
Domiciliar e Pesquisadora Maíra Libertad. Segue o texto na íntegra:
Diga tudo. Mas não diga que a cesárea é tão segura quanto um parto normal.
Morte materna: Mais
mulheres parecem morrer como resultado da cesárea, mas o número excedente não
pode ser calculado a partir dos estudos examinados.
Parada cardíaca: Evidências
limitadas sugerem que um número excedente MODERADO de mulheres saudáveis pode
passar por uma parada cardíaca associada à cesárea, comparadas com mulheres
similares que planejaram um parto vaginal.
Histerectomia de
emergência: Um número adicional PEQUENO a MODERADO de mulheres que são
submetidas à cesárea passam por histerectomias de emergência, quando comparadas
a mulheres que têm um parto vaginal.
Eventos tromboembólicos
(coágulos no sangue): Um número adicional PEQUENO a MODERADO de mulheres
saudáveis desenvolvem coágulos em decorrência da cesárea.
Complicações anestésicas:
Evidências limitadas sugerem que um número adicional MODERADO de mulheres
saudáveis que têm cesáreas pode passar por complicações com a anestesia, quando
comparadas com mulheres similares que têm partos vaginais espontâneos.
Infecções maiores:
Evidências limitadas sugerem que um número adicional MODERADO a GRANDE de
mulheres saudáveis que têm cesárea planejada passam por infecções pós-parto
maiores, quando comparadas a mulheres que têm ou planejam um parto vaginal.
Complicações raras e com
risco de morte: Evidências limitadas sugerem que mais mulheres apresentam
embolia por líquido amniótico ou pseudoaneurisma de artéria uterina depois de
uma cesárea do que após um parto vaginal, mas esse número excedente não pode
ser calculado dos estudos analisados.
Infecção da ferida (da
cesárea ou perineal): Um número excedente GRANDE de mulheres saudáveis
submetidas à cesárea tem infecções da ferida comparadas com aquelas que
planejam um parto vaginal.
Hematoma (da cesárea ou
perineal): Evidências limitadas sugerem que um número excedente GRANDE de
mulheres saudáveis tem hematomas da ferida após cesárea, quando comparadas a
mulheres que planejam um parto vaginal.
Deiscência da ferida (da
cesárea ou perineal): Evidências limitadas sugerem que um número adicional
PEQUENO de mulheres saudáveis submetidas à cesárea tem deiscência da ferida,
quando comparadas a mulheres planejando um parto vaginal.
Permanência no hospital:
Cesárea planejada aumenta a duração da internação entre 0,6 e 2 dias, quando
comparada ao parto vaginal planejado.
Readmissão no hospital após
a alta: Um número adicional MODERADO a GRANDE de mulheres saudáveis que tiveram
cesárea requerem reinternação após a alta.
Problemas com a recuperação
física: Com a exceção da presença de hemorroidas, que são mais comuns após o
parto vaginal, um número adicional GRANDE a MUITO GRANDE de mulheres que passam
por uma cesárea apresentam problemas de recuperação física, incluindo: saúde
geral, dores no corpo, cansaço extremo, problemas de sono, problemas
intestinais, habilidade para realizar suas atividades diárias e atividades
pesadas, quando comparadas a mulheres que têm partos vaginais espontâneos.
Dor pélvica crônica: Mais
mulheres apresentam dor pélvica crônica depois de uma cesárea do que após um
parto vaginal, mas o número excedente não pode ser calculado a partir dos
estudos analisados.
Quais efeitos físicos
relacionados aos bebês podem ocorrer mais frequentemente após uma cesárea
(quando se compara ao parto vaginal)?
Mortalidade neonatal:
Evidências limitadas sugerem que os bebês de mulheres que têm uma primeira
cesárea eletiva podem estar sob maior risco de morte neonatal comparados a
mulheres de baixo risco planejando um parto vaginal, mas o número excedente de
mortes não pode ser calculado a partir dos estudos incluídos.
Síndrome do desconforto
respiratório: Quando o nascimento ocorre antes das 39 semanas, mais bebês
nascidos por cesárea apresentam síndrome da angústia respiratória do
recém-nascido, mas o número excedente não pode ser calculado a partir dos
estudos analisados.
Hipertensão pulmonar:
Evidências limitadas sugerem que um número adicional MODERADO de bebês nascidos
por cesárea eletiva podem desenvolver hipertensão pulmonar.
Ausência de amamentação:
Evidências conflitantes sugerem que bebês nascidos por cesárea podem estar sob
risco adicional de não serem amamentados.
Qual papel a cesárea pode
desempenhar no desenvolvimento de doenças crônicas da infância (quando se
compara ao parto vaginal)?
Asma: Cesárea aumenta a
probabilidade de desenvolver asma na infância, mas o número excedente de casos
não pode ser calculado a partir dos estudos analisados.
Diabetes Tipo 1: Cesárea
aumenta a probabilidade de desenvolver diabetes Tipo 1 na infância, mas o
número excedente de casos não pode ser calculado a partir dos estudos
analisados.
Rinite alérgica: Cesárea
aumenta a probabilidade de desenvolver rinite alérgica na infância, mas o
número excedente de casos não pode ser calculado a partir dos estudos
analisados.
Alergia alimentar
sintomática: Evidências limitadas e conflitantes sugerem que a cesárea aumenta
a probabilidade de desenvolver alergia alimentar na infância, mas o número
excedente de casos não pode ser calculado a partir dos estudos analisados.
Obesidade: Evidências
limitadas sugerem que um número adicional GRANDE de crianças nascidas por
cesárea podem estar obesas aos 3 anos de idade (quando comparadas às nascidas
de parto normal).
Quais são os potenciais
efeitos das cesáreas nas futuras gestações e partos das mulheres?
Fertilidade prejudicada:
Mais mulheres apresentam problemas de fertilidade depois de uma cesárea do que
após um parto vaginal, mas o número excedente não pode ser calculado dos
estudos analisados.
Infertilidade voluntária:
Um número excedente GRANDE a MUITO GRANDE de mulheres escolhe não engravidar
novamente após uma cesárea.
Placenta prévia: Um número
excedente PEQUENO de mulheres com uma primeira gestação terminada em cesárea
desenvolve placenta prévia na gestação seguinte, mas o número excedente não
pode ser calculado a partir dos estudos examinados. Um número excedente GRANDE
de mulheres desenvolve placenta prévia após duas ou mais cesáreas.
Placenta acreta: Um número
excedente PEQUENO de mulheres com um primeiro nascimento via cesárea desenvolve
placenta acreta na gestação seguinte. Um número excedente GRANDE de mulheres
desenvolve placenta acreta após múltiplas cesáreas.
Descolamento de placenta:
Um número adicional MODERADO de mulheres com primeira gestação terminada em
cesárea tem descolamento de placenta em gestações subsequentes.
Histerectomia: Um número
adicional MODERADO de mulheres com primeira gestação terminada em cesárea requer
uma histerectomia de emergência durante nascimentos subsequentes, quando
comparadas a mulheres com partos vaginais prévios. Evidências limitadas sugerem
que esse excedente aumenta em gestações subsequentes.
Ruptura uterina: Um número
excedente MODERADO de mulheres com cesárea prévia passará por uma ruptura
uterina, quando comparadas a partos vaginais anteriores.
Admissão em UTI: Evidências
limitadas sugerem que um número adicional GRANDE de mulheres com cesáreas
prévias são admitidas em UTI no nascimento seguinte, quando comparadas com
mulheres com partos vaginais anteriores.
Readmissão no hospital após
a alta: Evidências limitadas sugerem que um número adicional MODERADO de
mulheres com cesáreas prévias são readmitidas no hospital após a alta no nascimento
seguinte, quando comparadas com mulheres com partos vaginais anteriores.
Quais são os potenciais
efeitos de um útero com uma cicatriz nos futuros bebês?
Óbito fetal: Dados são
conflitantes, mas sugerem que um número excedente PEQUENO a MODERADO de bebês crescendo
em um útero com uma cicatriz terão óbito fetal.
Óbito perinatal ou
neonatal: Dados são conflitantes, mas sugerem que mais bebês crescendo em um
útero com uma cesárea podem morrer no final da gestação ou uma semana após o
nascimento, mas o número excedente, se houver, não pode ser calculado a partir
dos estudos examinados.
Nascimento prematuro ou
baixo peso ao nascer: Dados são conflitantes sobre se uma cesárea prévia
resulta em risco aumentado de nascimento prematuro e concomitante baixo peso ao
nascer.
Pequeno para a idade
gestacional (PIG): Dados são conflitantes sobre se uma cesárea prévia resulta
em risco aumentado de bebê PIG em uma próxima gestação, quando comparado ao de
mulheres com partos vaginais anteriores.
Necessidade de ventilação no
nascimento: Evidências limitadas sugerem que um número adicional GRANDE de
bebês cujas mães têm cesáreas prévias pode requerer ventilação (ajuda para
respirar) no nascimento quando comparados a bebês cujas mães tiveram partos
vaginais anteriores.
Estadia hospitalar maior do
que 7 dias: Evidências limitadas sugerem que um número adicional GRANDE de
bebês cujas mães têm cesáreas prévias tem uma internação de mais de 7 dias,
comparados a bebês cujas mães tem partos vaginais anteriores.
Sumário dos
Resultados
Nossa avaliação
abrangente revela o seguinte:
De 14 resultados adversos
maternos relacionados à gestação atual, evidências suficientes demonstram que 8
deles favorecem o parto vaginal (incluindo as mulheres que planejaram parto
vaginal inicialmente e tiveram cesárea) e evidências limitadas sugerem que os 6
restantes também favorecem o parto vaginal.
De 4 desfechos adversos
neonatais (relacionados ao bebê), evidências suficientes demonstram que 1
favorece o parto vaginal, evidências limitadas sugerem que 2 favorecem o parto
vaginal e as evidências são conflitantes (inconclusivas) sobre 1 desfecho
restante.
De 4 doenças da infância
analisadas, evidências suficientes demonstra que 3 favorecem o parto vaginal e
as evidências são conflitantes e limitadas para o desfecho restante.
Dos 3 resultados
relacionados a aspectos psicossociais examinados, as evidências são
conflitantes, mas sugerem uma possível associação com a cesárea em todos os 3.
Em relação às gestações
subsequentes, dos 9 resultados adversos maternos avaliados, evidências
suficientes demonstram que 6 favorecem o parto vaginal no nascimento anterior e
evidências limitadas sugerem que os 3 restantes também favorecem o parto
vaginal anterior.
Dos 6 resultados adversos
perinatais em gestações subsequentes, evidências limitadas sugerem que 2
favorecem o parto vaginal e os dados são conflitantes para os outros 4.
Dos 5 desfechos
relacionados à disfunção do assoalho pélvico, nenhum favorece o parto vaginal,
a via de parto parece não influenciam em outros 2 e 3 favorecem a cesárea,
porém, desses 3, 2 favorecem a cesárea apenas no curto prazo ou apenas no que
diz respeito a sintomas leves ou moderados.
Dos 4 desfechos
relacionados a lesões no bebê relacionadas ao nascimento, a via de parto parece
não fazer diferença para 3 deles, nenhum favorece o parto vaginal e evidências
limitadas sugerem que 1 favorece a cesárea.
Nota: Nas situações em que as
diferenças entre as vias de parto puderam ser quantificadas, nós reportamos o
tamanho dessas diferenças (diferença de risco absoluto) em uma escala de “MUITO
PEQUENO” até “MUITO GRANDE” de acordo com as magnitudes padronizadas em um
denominador de 10.000 [número de eventos em 10.000 nascimentos). A escala
padronizada permite que os leitores façam comparações de forma rápida e fácil e
10.000 foi escolhido como denominador comum para capturar a ampla variação nas
taxas de diversos resultados avaliados. Em alguns casos, os estudos reportaram
apenas razões de risco ou de chance, o que significa que a diferença não pode
ser quantificada (nestes casos, está informado no texto que, apesar de haver
uma diferença positiva ou negativa em favor de uma das opções, ela não pode ser
quantificada com os dados dos estudos disponíveis). A menos que mencionado de
forma diferente, todas as diferenças foram estatisticamente significativas,
isto é, é improvável que se devam apenas ao acaso.
Tradução livre e adaptada de trechos do documento
“Vaginal or Cesarean Birth: What Is at Stake for Women and Babies?” (Parto
vaginal ou cesárea: o que está em jogo para mulheres e bebês?) da organização
Childbirth Connection, de 2012.
Referência completa: Childbirth Connection (2012). Vaginal or Cesarean
Birth: What Is at Stake for Women and Babies? New York: Childbirth Connection.
Full report available online at: http://transform.childbirthconnection.org/reports/cesarean.
Companion materials for women available at:http://www.childbirthconnection.org/cesarean.